Era uma vez Art Blakey e os Jazz Messengers...
Pois é. Escutando este cd, desde as primeiras notas tive a impressão de estar ouvindo um dos clássicos "Blue Note" anos '60 do saudoso baterista. De fato, o som é típico hard-bop e o formato, sexteto (trombone-sax tenor-trompete- piano-baixo e bateria), remete muito à formação do Messengers com Curtis Fuller, Freddie Hubbard e Wayne Shorter.
Nada de particularmente inovador portanto, mas bom e velho jazz como se tocava no período de ouro desta genuína forma de arte afro-americana. Música de qualidade, tocada por um sexteto muito competente.
O trombone em questão é o do Steve Davis, um passado não muito distante em uma das últimas versões dos Messengers, aqui no papel de porta-bandeira virtual dos Messengers de Buhaina.
O sax tenor é Eric Alexander, em anos recentes já aclamado pela crítica e autor de ótimos projetos como solista. O som dele por vezes lembra o do Trane, digamos fim anos '50, período Prestige. Articulado,moderno, como deve ser.
O timbre e o fraseado de Jim Rotondi, trompete, me lembraram muito Freddie Hubbard, um nome de qualidade quando se trata de trompete hard-bop.
David Hazeltine proporciona um acompanhamento de classe ao piano (interessantes as gravações dele em trio, também pela Venus) e contribui ao programa do disco com uma composição própria, "How Are You", construída sobre ritmos cubanos.
Completam impecavelmente a "cozinha" Peter Washington no contrabaixo e Joe Farnsworth atrás dos tambores.
No repertório além de composiçõs originais, alguns clássicos como "Skylark", e uma agradável surpresa, "Corcovado" de Tom Jobim, escolha que foge um pouco do repertório típico deste estilo. Pelo que me diz respeito, não lembro de alguma gravação de bossa nova por parte dos Messengers, que sem dúvida representam um sólido ponto de referência para o sexteto.
Curiosamente "One For All" é um super-grupo que grava em New York pelo Venus, um selo japonês, sinal evidente de quão difícil seja para os músicos de jazz, em tempos de crise da indústria discográfica, encontrar uma gravadora disposta a acreditar e investir neste tipo de projeto.
E os nipônicos conseguem realizar um trabalho em grande estilo, como nós, apaixonados, adoramos. Gravação "audiófila" em 24 bits com o sistema chamado Hyper Magnum Sound, um processo de masterização usado apenas pela Venus, arte gráfica cativante (as capas desta gravadora exibem lindas fotos de modelos em trajes provocantes, nada mal!) por um projeto musical muito bom que prova mais uma vez que o jazz ainda goza de boa saúde. Graças a Deus!
A primeira vez que ouvi o sexteto do chicagoano Eric Alexander também me fez lembrar o som único dos Jazz Messengers e também do extemporâneo disco Blue Note do Trane ("Blue Train").
ResponderExcluirO que ouvi foi "Mode for Mabes" de 1997, com Harold Mabern ao piano e a cozinha completa por John Webber (baixo) e George Fludas (bateria). Selo Delmark, que saía no Brasil pela falecida Abril Music.
Nesse disco descobri Phineas Newborn Jr. com "Sugar Ray" e uma versão longa, hard bop, acelerada de "Naima", contrastando e ao mesmo tempo se remetendo a gravação clássica original.
No ano seguinte Eric veio tocar aqui no Chivas Jazz Festival!
Grande Wagner!
ResponderExcluirTenho o "Mode for Mabes", um bom disco sem dúvida. É o tipo de jazz que mais gosto de ouvir.
Agora fiquei com uma dúvida: não seria Harold Mabern no piano (o "Mabes" do título é ele)?
Abraços jazz