Considerações gerais:
Primeiro: Liam Neeson é um bom ator.
Segundo: "Taken" de 2008 é um bom filme de entretenimento (mesmo com umas coisas forçadas).
Terceiro: Taken 2 é uma merda total.
O filme é simplesmente uma sequências de cenas absurdas e incoerentes, uma após a outra.
A trama é simples: as famílias dos albaneses que Bryan Mills (Liam Neeson) exterminou no primeiro filme por terem sequestrado a filha dele em Paris, se reúnem liderados por um velho que é pai de Marco, chefinho meia-boca brutalmente assassinado no episódio anterior. O objetivo é óbvio: vingar-se do Mills.
O filme começa com o nosso herói que, perfeito pai de família, vai visitar a filha Kim (Maggie Grace) que vive com a mãe, tem um namorado e não consegue tirar carta de motorista. E o que o perfeito pai faz? Se oferece para deixar a filha estacionar o próprio carro (coisa que ela consegue perfeitamente!)resolvendo o problema de falta de auto-estima dela. Vamos ficar de olho nessa menina!
Lenore, a mãe de Kim (a linda Famke Janssen), está em crise com o atual companheiro e não é mais a mulher azeda e rancorosa que costumava ser com Bryan, muito pelo contrário: quando o namorado milionário decide cancelar a viagem que haviam planejado, ela se joga nos braços do ex e topa curtir uns dias de "férias" com ele em Istambul. Mulher de fases?
E com uma cena memorável, na qual ela e Bryan decidem brindar juntos e os dois copos aparecem de uma hora pra outra magicamente cheios de vinho sem que eles tenham aberto a garrafa, começa a série de besteiras que vai até o fim desse filme.
Estávamos falando de férias, certo? Sim, porque o Bryan arrumou um "bico" em Istambul onde dá pra entender vagamente que ele foi contratado por dois ou três dias para proteger um sheik importante e de repente ex-mulher e filha aparecem (interessante como estes americanos conseguem passagens tão facilmente e em cima da hora!).
Bom, então eles estão curtindo o hotel super-chique em que estão alojados enquanto os albaneses estão preparando o plano pra sequestrar as mulheres queridas do Bryan. Tem que dizer que estes vilões são uns miseráveis mal vestidos, todos barbudos e sujos que moram em lugares sinistros, muquifos onde assistem a jogos de futebol em uma tv em preto e branco (quem no mundo no ano 2012 ainda tem tv em preto e branco? Não existe!!!) mas ao mesmo tempo tem a disposição picapes, bmws, conseguem vistos falsos e usam armas automáticas para realizar o plano deles. Meio estranho, não?
Eles atravessam uma hipotética fronteira que dividiria a Albânia da Turquia (os dois países não fazem divisa em nenhum mapa e muito menos no mundo real, mas não importa porque americano não é bom de geografia!) e chegam em Istambul.
Bom, eles penetram no hotel, onde tem outra cena memorável: uma camareira provida de walkie-talkie (onde já se viu?) avisa a segurança da presença dos bandidos que depois de uma luta com golpes em câmara lenta, muito brega, conseguem capturar Bryan e ex esposa.
Eles, em outra cena fantástica, encostam uma faca no pescoço da Lenore, não se vê a imagem mas se percebe o som de um corte violento. Cortaram a garganta dela? É o que qualquer pessoa lógica pensaria. O chefe dos albaneses a amarra a uma corrente de cabeça para baixo, porque assim ela sofreria mais e demoraria mais pra morrer. Na realidade nas cenas seguintes descobrimos que machucaram apenas o rosto dela (pouco mais que um arranhão!)
Logicamente Bryan fica puto e tem uma carta na manga, ou melhor, um mini celular escondido em uma bota. Mesmo amarrado consegue com o pé levar o aparelho até as mãos, ligar pra Kim, avisá-la que ele e a mamãe foram capturados e, instruir a filha como se fosse uma agente secreta profissional. Ela, sob instrução do pai, entende tudo na primeira (!)e desenha uns círculos no mapa, para poder localizá-lo. Os círculos são baseados nas recordações que ele tem de quando, sequestrado e jogado na picape foi transportado pro esconderijo dos criminosos. Sim, porque ele contou os segundos que o carro andou antes de virar, lembra do som de uma espécie de ukulele que um velho está tocando na rua, como se esse instrumento fosse uma inteira orquestra, mas o Bryan é tão foda que lembra até mesmo das mudanças nas marchas do câmbio do carro que o estava transportando!
Sim, ele é tão foda que instrui a filha a jogar granadas da janela do hotel e ela consegue quase acertar o lugar onde os inimigos estão! A menina provoca o caos com um par de granadas e desestabiliza os albaneses.
Assim ele consegue se livrar, cortando o "barbante" que o aprisionava e instrui a filha, que está correndo pelos telhados das casas(!), para jogar a arma dele através de um cano de onde ele fez sair fumaça. Claro que ele consegue fugir e junto com a filha, que agora dirige como um 007, conseguindo dar cavalinho de pau de ré e fugir pelas ruas da cidade a altíssima velocidade escapa da ameaça.
Vocês querem mais ou posso parar aqui?
Outro momento superlativo dessa bosta de filme acontece quando pai e filha irrompem de carro na embaixada americana e não recebem nem um tiro dos soldados e dos guardas (a motivação idiota é que "poderia ter uma bomba de terroristas no carro") porque Bryan atráves do celular consegue falar com um dos amigos dele que tem influência no governo e esse amigo em poucos segundos consegue tirar o deles da reta...
Bom, qualquer um pode facilmente imaginar o final. Os bons vencem, ninguém se machuca enquanto os maus morrem todos. Kim passa no exame da auto-escola e viveram felizes para sempre.
Sim, tomara que seja para sempre, porque tenho medo só de pensar em uma continuação dessa vergonha de filme.
Enfim, um filme horroroso, que qualquer pessoa com um mínimo de inteligência e amor a si mesma e ao cinema faria bem a evitar. Não considero nem como opção para entretenimento. Um verdadeiro insulto à inteligência.
Se tivesse pelo menos a auto-ironia de "Os mercenários 2" poderia até se salvar, caindo no ridículo, e pelo menos provocaria boas gargalhadas no espectador, mas infelizmente para ele e para quem o assiste, este filme comete o erro de se levar muito à sério e acaba se tornando uma porcaria colossal.
Fuja dele!
Um gueto dentro do gueto
Há 11 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário