Desde as primeiras cenas a narrativa do filme me lembrou muito do "The tree of life", com a voz fora de campo fazendo perguntas retóricas sobre a vida, a morte e tudo que há no meio. De fato, sem que eu soubesse, Terrence Malick é o diretor de ambos os filmes.
Detestei "The tree of life", de 2011. Achei muito pretensioso e sem rumo, embora a fotografia dele seja fenomenal mesmo, beirando níveis de referência absoluta como "Baraka" (só para dar um exemplo).
Mas gostei muito de "The thin red line".
Em 2 horas e 45 minutos este filme de 1998 desenvolve o drama da guerra através da voz dos protagonistas: um grupo de soldados americanos empenhados na sangrenta batalha de Guadalcanal na segunda guerra mundial.
O filme consegue, até melhor que "Saving private Ryan", capturar o desespero, a loucura, a angustia, a dor, e todos os outros sentimentos, quer ditos quer tácitos, dos envolvidos no conflito. Nas entrelinhas "The thin red line" fala mais alto que "Saving private Ryan", que continua sendo meu filme de referência no quesito "filmes de guerra".
É um páreo duro: a fotografia, a qualidade de imagem e as cenas de ação são incríveis em ambos os filmes, com uma levíssima vantagem para "Private Ryan" (a cena da batalha na praia da Normandia continua inalcançada até hoje).
Por outro lado, "The thin red line" oferece mais pontos para reflexão, com personagens mais marcantes, entre os quais Sean Penn, Jim Caviezel, John Cusack, Nick Nolte, Adrien Brody.
Se não houvesse a voz fora de campo com suas perguntas retóricas ("por que nos tornamos assim?", "quem nos separou?", "de onde vem o mal?",etc.) e o lance de "after life", que francamente achei em excesso e pelo visto é característica marcante do diretor, arriscaria colocá-lo no topo. Infelizmente precisa contentar-se com o segundo lugar, junto com "Hacksaw Ridge".
Mesmo assim o filme contém uma poderosa mensagem sobre a inutilidade e os horrores da guerra. Um retrato fiel da alma humana, com suas virtudes e sua podridão.
Vale muuuito a pena assistir!