Admito ser um pouco preconceituoso sobre os filmes de Quentin Tarantino.
Antes de "Cães de aluguel", o único título que conhecia deste diretor era "Bastardos inglórios", filme que, se por um lado havia me conquistado pela habilidade de Tarantino de construir tensão (memorável a cena inicial), por outro exibia cenas de violência gratuita de extremo mau gosto, além de uma música que grotescamente tentava clonar os "spaghetti-western" de Sergio Leone musicados por Ennio Morricone, desde sempre uma das grandes paixões de Tarantino.
Minha opinião é que os filmes de Tarantino oscilam entre a obra-prima e o pior do cafona/brega, dependendo dos pontos de vista e dos gostos pessoais de cada um podem agradar ou não. Enfim, ou se AMA ou se ODEIA.
Em "Cães de aluguel" também tem violência, mas ela nunca é desnecessariamente jogada na cara do espectador e sim usada como propelente para dar impulso à trama. O aspecto psicológico dos personagens e como eles enfrentam as situações que aparecem é o que realmente faz a diferença aqui.
Os personagens são bem construídos, os diálogos inteligentes e cortantes; os atores, entre os quais minhas preferências vão para Harvey Keitel e Steve Buscemi, excelentes.
A trama: um chefe criminoso reúne um grupo de profissionais nenhum dos quais se conhece para realizarem juntos um assalto à uma joalheria. Tudo dá errado: a polícia já se encontra no local antes do crime acontecer; é evidente que na quadrilha há um informante.
O legal deste filme é que Tarantino consegue a proeza de fazer com que TODOS os personagens principais morram.
Se você gosta de ação, de violência e diálogos afiados (memorável o exilarante início com os personagens, entre os quais o próprio Tarantino, debatendo sobre "Like a virgin" de Madonna), você vai amar "Cães de aluguel". Caso contrário, não.
Difícil é ficar indiferente.